O Olho Que Tudo Viu, Vê e Transmite.

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Quando vemos um cara como Sebastião andando pelas ruas de Paris, nunca imaginaríamos por onde ele já esteve nesse mundão. Mineiro aimorense (lê-se nascido em Aimorés), seus 73 anos tem muita história pra contar. Não que ele não as tenha contado. Casado com Lélia – que merece ter sua história contada separadamente, Sebastião tem dois filhos: Juliano e Rodrigo, e foi o único homem em uma família de nove irmãs.

Sebastião e seu filho Juliano – Paris. © SEBASTIãO SALGADO © DONATA WENDERS © SARA RANGEL © JULIANO RIBEIRO SALGADO

Economista com pós-graduação na USP e doutorado feito em Paris, seus expressivos olhos azuis já viram muita coisa por esse mundo– das belezas mais remotas da terra até a miséria mais desumana. A boa notícia é que ele encontrou dentro de si a melhor forma de nos contar tudo o que viu e viveu: hoje, Sebastião Ribeiro Salgado, brasileiro vindo do interior de Minas Gerais, é um dos fotógrafos mais celebrados do mundo.

Sebastião Salgado por Bruna Prado.

            Premiado mais vezes do que podemos contar, nele está a forma mais clara de enxergar o que é o dom de transmitir algo através da fotografia. Suas fotos são impressionantes e a sensibilidade é vista até por quem não quer ver (não venham como “ah, é só ter uma câmera boa…”).

Foto de Sebastião Salgado –  O Lado Oriental de Brooks Range, Arctic National Wildlife Refuge, Alasca, EUA, 2009

Nunca foi visto nada igual ao trabalho desse mineiro que um dia já quis ser economista (e ainda bem que desistiu da ideia), e é por isso que hoje suas obras são expostas mundo afora e, para nossa sorte, ele não pretende parar tão cedo – “(…) me imaginei aos 70 anos e pensei que seria a hora de parar. Mas a realidade é que o fotógrafo não para.”, conta Sebastião.

Foto de Sebastião Salgado – Refugiados do Campo Korem, Etiópia, 1984. 

Mais de 100 países depois, Salgado passou por lugares e experiências que, baseado em suas heranças, ética, ideologia e estética, se transformaram em imagens que traduzem a maneira do fotógrafo de se relacionar com o mundo.

Foto de Sebastião Salgado – Índios Awá no leste da Amazônia brasileira.

Filho de uma geração analógica e praticamente artesanal, o brasileiro produziu obras icônicas como Outras Américas (1986), que trata das condições de vida dos camponeses latino-americanos.

Equador, 1982. Outras Américas.

Criou também Trabalhadores (1993), sobre a mudança nas relações de produção do trabalho manual – que confirmou sua reputação como foto documentarista de primeira linha.

Trabalhadores. (Foto: Sebastião Salgado/Amazonas Images)

Em 2000 nasceu Êxodos, onde voltou sua atenção para o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas. Na introdução dessa obra escreveu: ”Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…”.

Êxodos.

Gênesis (2013), seu último grande trabalho, o levou durante anos a dezenas de países a procura de lugares ainda não tocados ou destruídos pelo homem.

Filhotes de elefante marinho na baía de Saint Andrews. Geórgia do Sul, 2009.

Em parceria com a marca italiana illycafé, Salgado visitou países como a Índia, a Etiópia, a Colômbia, a China, a Costa Rica e a Tanzânia, para montar sua homenagem aos homens e mulheres que trabalham no plantio do café em seu trabalho mais recente – “Perfume de Sonho”.

Perfume de Sonho.

Nota-se que todo o trabalho de Salgado é realizado em preto e branco. O motivo da ausência de cor significa ausência de informação, isto é, o foco está na clareza da situação retratada.  “Nada no mundo é em branco e preto. Mas o fato de eu transformar toda essa gama de cores em gamas de cinza me permitiam fazer uma abstração total da cor e me concentrar no ponto de interesse que eu tenho na fotografia. A partir desse momento, eu comecei a ver as coisas realmente em branco e preto”, diz Salgado.

Imagem do filme “O Sal da Terra”.

Dirigido por Wim Wenders e por seu primogênito, Juliano, podemos acompanhar de perto parte do trabalho de Sebastião durante a criação de “Gênesis” em O Sal da Terra, documentário indicado ao Oscar em 2015. O filme é um retrato raro e pessoal do artista brasileiro e vale a pena assistir para conhecer a intensidade do trabalho do fotógrafo, que hoje é referência e faz escola para profissionais do mundo inteiro.

Imagem de Sebastião Salgado em “O Sal da Terra”.

 

Você pode acompanhar algumas fotos de Sebastião Salgado no Instagram (não oficial) – @sebastiao_salgado_photographs.

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