Fera, bicho, anjo e mulher

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5 cantoras brasileiras que abraçam suas muitas mulheres

“She’s beautiful when she’s angry” é um documentário da Netflix lançado em 2017 que trata sobre a importância da multiplicação de movimentos feministas a partir da década de 60. Graças a essa movimentação, nos dias de hoje, podemos observar a participação ainda maior do feminino em todos os canais, em todas as salas de reunião e em condições um pouco mais equânimes que naquela época. Bom, o fato é que ainda há muita coisa a ser superada e o chamado “Empoderamento” – que não é de agora, pelo contrário – é um aliado não somente às mulheres e aos grupos tratados como minorias – negros, idosos, lgbts, entre outros -, como também para ressaltar a resistência – dos verbos resistir e existir –  de “novos normais”, afinal, esse suposto normal – se você ainda acredita nele, bom, lamentamos informar mas ele pode não existir.

Se é possível nascer mulher, no sexo, e tornar-se aquilo que você bem entender aonde você quiser e da forma que quiser, pouco importa. O feminino, segundo a mitologia lida pelo nome de Gaya, deusa da terra e da fertilidade, é um desdobramento oriundo da natureza, que possui tempos e ciclos e que eles todos se harmonizam conforme os meses e estações do ano, o hemisfério de origem ou ainda a lua regente de determinado período. Bom, você pode até não acreditar na mitologia e nas outras possíveis leituras para isso, mas há de se compreender que sim, fauna e flora possuem o seu tempo e espaço, bem como o corpo de uma mulher que tem o seu movimento especialmente peculiar para certos dias de um mês. Nesse caso, ser bicho, ser anjo ou ser mulher são apenas desdobramentos desse feminino que coabita em todos nós, afinal ele nos acompanha independente de gênero, orientação ou identidade sexual; seja por referência seja ou por identificação.

Tivemos a sorte de ter nascido em um país repleto de vozes femininas na nossa música e, para te lembrar desses tantos femininos, vamos destacar algumas cantoras que têm abraçado o feminino, independente daquilo que possuem ou não entre as pernas.

 

  1. Mãeana

Mãeana é pseudônimo da cantora Ana Cláudia Lomelino, ex-integrante da banda Tono, composta por Raphael Rocha., Bruno di Lullo e Bem Gil. Desde o início da sua carreira, a cantora se destacava pela sua voz leve, mas muito potente, e sua harmonia com guitarras estridentes e batucadas brasileiras. A feminilidade trazida por Ana atravessou o Tono e hoje ganha espaço em uma carreira solo, marcada pela crença em seres mágicos, brinquedos, crianças e discos-voador. É nesse universo de tesouros – da importância da união entre as mulheres e da compreensão do espaço da criança – que a carreira da “mãeana” vem sendo construída; a partir do afeto, da compreensão, da intuição e de movimentos que são muito, muito humanos. Nas analogias com o feminino, fica o convite para se encontrar com o universo extraordinário de Ana.

https://www.youtube.com/watch?v=jqXyBTkG4cI

 

  1. Liniker

Liniker é uma artista trans não-binário que é uma das principais representantes do movimento de abertura sexual na música brasileira contemporânea e de resistência negra e lgbtq+. De carreira muito nova, se aventurou pela arte a partir do teatro e, logo se encontrou na expressão sonora da sua voz e com a possibilidade de narrar suas sensibilidades através da música. Liniker é uma artista que abraça o feminino através do toque e balanço das suas músicas, longe do apelo sexual e de referências similares no meio da música, ela é capaz de tocar a alma usando apenas a sua imensa e doce voz. Foi nessa singularidade e partir do encontro com o R&B, a Fanfarra Black e ritmos brasileiros, que Liniker vem construindo uma jovem, porém madura qualidade musical que transborda nos elementos de palco, no seu jeito de se vestir e culmina no seu disco mais recente, Liniker e os Caramelows.

https://www.youtube.com/channel/UCMRAb0_HPDRzU0lG5kj3Nvw

 

  1. Anelis Assumpção

Cantora e compositora paulistana que nasceu, cresceu e se alimenta de música desde a sua origem. Filha do cantor Itamar Assumpção, a história de Anelis, até então pouco ou nada conhecida, vem marcada por backing vocals e parcerias de um legado deixado do seu pai para a música. Por mais difícil que pareça construir uma carreira quando se é filha de um personagem importante da história da música, Anelis foi à busca do seu espaço e, nos últimos anos, tem se destacado em especial pela reprodução – de um jeito único – de sutis feminilidades. “A Anelis te faz dançar mesmo sem estar se mexendo” dizem alguns dos seus admiradores pela melodia que te faz querer ouvir com muita atenção para poder dançar. Segundo a artista, ela como uma mulher feminista seria incapaz de deixar de trazer esse conteúdo para as suas músicas. E, nesse aspecto, tanto em Taurina – seu mais recente disco – como na discografia anterior,  ouvir Anelis é fazer um convite para sentir.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=88&v=kz57CsVNGbQ

 

  1. As Bahias e a Cozinha Mineira

Assussena Assussena e Raquel Virgínia são duas cantoras e compositoras que se desafiaram a representar a transgenia e a união entre estados do Brasil pelos quais toda a banda atravessou. Uma veio da Bahia sob a influência do axé music e outra veio da periferia de São Paulo – mesmo local de onde vieram exponenciais artistas da Mpb como Criolo, Emicida e Racionais MC’s – e fui em um espaço de debates na USP  que tudo começou. Além de toda essa diversidade em cima de um palco, as Bahias fazem conviver lirismo e crítica política de uma forma contagiante seja para falar do amor ou através do protesto. Esse feminino que é capaz de rasgar palavras e atravessar quem que seja, pode estar tanto no rádio quanto aqui, pertinho de você. Abre os ouvidos e coloca para tocar aí 😉

https://www.youtube.com/watch?v=OPDBOLJGvZ0&list=PLP-E_2SXGo9JW66gvWzcEe4a0kXOhXVu6

 

  1. Letícia Novaes

As Letícias que habitam Letícia Novaes são muitas; atriz, cantora, intérprete, escritora e poeta, o que a Letucce de 2015 e a Letrux agora em 2018 têm em comum é uma qualidade de se refazer, como Fênix a cada novo trabalho que surge pela frente. Capricorniana e muito exploradora do terreno das artes, como se pode ver, Letícia Novaes é hoje uma das principais referências pop musical da cena independente brasileira. E isso não nasceu hoje, desde seu grupo anterior, formado com seu ex-marido Lucas Vasconcellos, Letícia virou fênix e virou Letrux a partir de uma possibilidade “viajante” criada com seu atual amigo e parceiro musical Arthur Bragantini – que a propósito, deu certíssimo. O disco foi lançado junto de um crowndfunding coletivo muito bem humorado promovido pela Leticia via Instagram e pôde dar luz a esse disco incrível que mistura batidas metalizadas dos anos 60/70, letras ditas de um jeito direto e objetivo e muito, muito vermelho. Ouça:

https://www.youtube.com/watch?v=0PjKnqtQuP8

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